Os desafios do coordenador pedagógico
Mais do que resolver problemas de emergência e explicar as dificuldades de relacionamento ou aprendizagem dos alunos, seu papel é ajudar na formação dos professores
SILVANA AUGUSTO "O coordenadorcentraliza as conquistas do grupo e assegura que as boas idéias tenhamcontinuidade." Foto: Gustavo Lourenção
Muito se tem falado sobre o papel do coordenador pedagógico. Afinal, por que ele é necessário? Quem dera coordenar fosse simples como diz o dicionário: dispor segundo certa ordem e método; organizar; arranjar; ligar.
O coordenador pedagógico, muito antes de ganhar esse status, já povoava o imaginário da escola sob as mais estranhas caricaturas. Às vezes, atuava como fiscal, alguém que checava o que ocorria em sala de aula e normatizava o que podia ou não ser feito. Pouco sabia de ensino e não conhecia os reais problemas da sala de aula e da instituição. Obviamente, não era bem aceito na sala dos professores como alguém confiável para compartilhar experiências.
Outra imagem recorrente desse velho coordenador é a de atendente. Sem um campo específico de atuação, responde às emergências, apaga focos de incêndios e apazigua os ânimos de professores, alunos e pais. Engolido pelo cotidiano, não consegue construir uma experiência no campo pedagógico. Em ocasiões esporádicas, ele explica as causas da agressividade de uma criança ou as dificuldades de aprendizagem de uma turma. Hoje o coordenador organiza eventos, orienta os pais sobre a aprendizagem dos filhos e informa a comunidade sobre os feitos da escola.
Mas isso é muito pouco. Na verdade, ele se faz cada vez mais necessário porque professores e alunos não se bastam. Além das histórias individuais que todos escrevemos, é preciso construir histórias institucionais. É duro constatar a fragilidade de tantas escolas que montam um currículo e uma prática efetiva durante anos e perdem tudo com a transferência ou a aposentadoria de professores. Construir história nos torna humanos, e é de estranhar que, justamente na escola, tantas vezes tudo recomece do zero. O coordenador eficiente centraliza as conquistas do grupo de professores e assegura que as boas idéias tenham continuidade.
Além do que se passa dentro das quatro paredes da sala de aula, há muito mais a aprender no convívio do coletivo - no parque, no refeitório, na rua, na comunidade. A dinâmica nesses espaços deve ser ritmada pelo coordenador. É preciso lembrar ainda que só quem não está em classe, imerso naquela realidade, é capaz de estranhar. E isso é ótimo! É do estranhamento que surgem bons problemas, o que é muito mais importante do que quando as respostas aparecem prontas.
Só assim é possível que o coordenador efetivamente forme professores (e esse é o seu papel primordial). Ampliando a significação do dicionário, eu diria que no dia-a-dia de uma instituição educativa é preciso:
- dispor segundo certa ordem e método as ações que colaboram para o fortalecimento das relações entre a cultura e a escola;
- organizar o produto da reflexão dos professores, do planejamento, dos planos de ensino e da avaliação da prática;
- arranjar as rotinas pedagógicas de acordo com os desejos e as necessidades de todos; e ligar e interligar pessoas, ampliando os ambientes de aprendizagem.
- dispor segundo certa ordem e método as ações que colaboram para o fortalecimento das relações entre a cultura e a escola;
- organizar o produto da reflexão dos professores, do planejamento, dos planos de ensino e da avaliação da prática;
- arranjar as rotinas pedagógicas de acordo com os desejos e as necessidades de todos; e ligar e interligar pessoas, ampliando os ambientes de aprendizagem.
Esse é o sentido de ser um bom coordenador, não de uma instituição, mas de processos de aprendizagem e de desenvolvimento tão complexos como os que temos nas escolas. Que os que desejam se responsabilizar por essa importante função vejam aqui um convite para criar um estilo de coordenar.
Coordenador pedagógico: um profissional em busca de identidade
Pesquisa da FVC conclui que a formação de professores começa a ser o foco da atuação do coordenador, mas ele ainda sofre com a falta de apoio
Diante desse cenário, a Fundação Victor Civita (FVC) decidiu descobrir quem é e o que pensa esse personagem relativamente novo no cenário educacional brasileiro, escolhendo-o como tema de uma pesquisa intitulada O Coordenador Pedagógico e a Formação Continuada de Professores: Intenções, Tensões e Contradições. Realizado pela Fundação Carlos Chagas (FCC), sob a supervisão de Cláudia Davis, o estudo teve a coordenação de Vera Maria Nigro de Souza Placco e de Laurinda Ramalho de Almeida, ambas da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e de Vera Lúcia Trevisan de Souza, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Graças a ela, fizemos esta edição especial, com reportagens e seções tratando de temas relativos à coordenação pedagógica.
Uma das principais conclusões da pesquisa é que, apesar de ser um educador com experiência, inclusive na função (saiba mais sobre o perfil desse profissional no quadro abaixo), ainda lhe faltam identidade e segurança para realizar um bom trabalho. Ele se sente muito importante no processo educacional, mas não sabe ao certo como agir na escola frente às demandas e mostra isso por meio de algumas contradições: ao mesmo tempo em que afirma que sua atuação pode contribuir para o aprendizado dos alunos e para a melhoria do trabalho dos professores, não percebe quanto isso faz diferença nos resultados finais da aprendizagem (veja mais no quadro da próxima página). "A identidade profissional se constrói nas relações de trabalho. Ela se constitui na soma da imagem que o profissional tem de si mesmo, das tarefas que toma para si no dia a dia e das expectativas que as outras pessoas com as quais se relaciona têm acerca de seu desempenho", afirma Vera Placco.
Quem são os coordenadores pedagógicos no BrasilUm resumo das características do profissional que atua nessa função
90% são mulheres
88% já deram aula na Educação Básica
76% têm entre 36 e 55 anos
A maioria tem mais de 5 anos de experiência na função
90% são mulheres
88% já deram aula na Educação Básica
76% têm entre 36 e 55 anos
A maioria tem mais de 5 anos de experiência na função
Dia a dia atribulado e legislação confusa contribuem para atuação sem foco
Analisando cada um dos elementos dessa somatória, percebe-se que, no quesito tarefas, a rotina desse educador é uma bagunça: 72% costumam acompanhar a entrada e a saída dos alunos diariamente, 55% conferem se as classes estão organizadas e limpas, 50% atendem todos os dias telefonemas de pais e de outras pessoas que procuram a escola (e 70% acreditam que isso é adequado) e 19% assumem alguma classe pelo menos uma vez por semana quando falta um professor. No meio disso tudo, temos ainda 9% que admitem não desempenhar nenhuma atividade regular relativa à formação de professores e 26% que se ressentem por não dispor de tempo suficiente para se dedicar à elaboração ou à revisão periódica do projeto político-pedagógico (PPP).
Quando se analisa a expectativa que a direção, a equipe docente e a comunidade têm dele, percebe-se a diversidade de posições: os diretores esperam que o coordenador pedagógico cumpra bem todas as determinações vindas da Secretaria de Educação; os professores, que ela seja um apoio nas dificuldades em sala de aula; e os pais, por sua vez, anseiam ser bem atendidos - ao mesmo tempo em que não sabem muito bem quais são suas funções (na verdade, o atendimento aos pais deveria ser feito pelo orientador educacional, quando há esse profissional na escola, ou pelo diretor, em horários previamente definidos).
Há também as atribuições legais, que poderiam ajudar na definição do papel do coordenador. Contudo, pela leitura atenta feita pelos pesquisadores das regulamentações de cinco Secretarias Estaduais, elas só acrescentam mais confusão ao quadro: das 256 funções listadas para o cargo, apenas 20% são explicitamente formativas.
Analisando cada um dos elementos dessa somatória, percebe-se que, no quesito tarefas, a rotina desse educador é uma bagunça: 72% costumam acompanhar a entrada e a saída dos alunos diariamente, 55% conferem se as classes estão organizadas e limpas, 50% atendem todos os dias telefonemas de pais e de outras pessoas que procuram a escola (e 70% acreditam que isso é adequado) e 19% assumem alguma classe pelo menos uma vez por semana quando falta um professor. No meio disso tudo, temos ainda 9% que admitem não desempenhar nenhuma atividade regular relativa à formação de professores e 26% que se ressentem por não dispor de tempo suficiente para se dedicar à elaboração ou à revisão periódica do projeto político-pedagógico (PPP).
Quando se analisa a expectativa que a direção, a equipe docente e a comunidade têm dele, percebe-se a diversidade de posições: os diretores esperam que o coordenador pedagógico cumpra bem todas as determinações vindas da Secretaria de Educação; os professores, que ela seja um apoio nas dificuldades em sala de aula; e os pais, por sua vez, anseiam ser bem atendidos - ao mesmo tempo em que não sabem muito bem quais são suas funções (na verdade, o atendimento aos pais deveria ser feito pelo orientador educacional, quando há esse profissional na escola, ou pelo diretor, em horários previamente definidos).
Há também as atribuições legais, que poderiam ajudar na definição do papel do coordenador. Contudo, pela leitura atenta feita pelos pesquisadores das regulamentações de cinco Secretarias Estaduais, elas só acrescentam mais confusão ao quadro: das 256 funções listadas para o cargo, apenas 20% são explicitamente formativas.
Como os coordenadores pedagógicos se veemPorcentagem de profissionais que se se acham importantes para:
A aprendizagem dos alunos: 95%
O trabalho pedagógico dos professores: 100%
Porém, quando se compara com outros agentes, ele se coloca na sexta posição em importância:
A aprendizagem dos alunos: 95%
O trabalho pedagógico dos professores: 100%
Porém, quando se compara com outros agentes, ele se coloca na sexta posição em importância:
Problemas envolvem desde infraestrutura até falta de tempo
Ao ser indagado sobre as questões que mais atrapalham sua rotina, o coordenador lista uma série delas. A infraestrutura é a que mais incomoda e o excesso de atribuições é, muitas vezes, citado como justificativa para não fazer o que deve - a formação de professores.
Dificuldades com a equipe? Sim, elas existem para 31% dos entrevistados, que não sabem como fazer o professor desmotivado trabalhar, não conseguem ajudá-lo a cumprir as metas e ainda afirmam não saber como se firmar como líder dos docentes e exercer sua autoridade perante os colegas.
É claro que todos esses dilemas poderiam ser resolvidos se o coordenador pedagógico tivesse uma boa formação para exercer o cargo: 96% garantem que a graduação foi boa ou excelente e, em média, os entrevistados já frequentaram 6,3 cursos específicos (21% em gestão escolar e 18% em outras áreas do conhecimento). Fica a dúvida: se esse profissional, segundo a própria avaliação, teve ou está tendo orientação para executar bem seu trabalho, por que não consegue focar a sua atuação na principal atribuição? A conclusão da pesquisa é que a falta de identidade profissional, já citada no início, e o fato de ser tão solicitado, por todos, para fazer de tudo na escola o levam a sentir-se importante, mas sem perceber o quanto isso o afasta de ser um bom formador de professores.
Ao ser indagado sobre as questões que mais atrapalham sua rotina, o coordenador lista uma série delas. A infraestrutura é a que mais incomoda e o excesso de atribuições é, muitas vezes, citado como justificativa para não fazer o que deve - a formação de professores.
Dificuldades com a equipe? Sim, elas existem para 31% dos entrevistados, que não sabem como fazer o professor desmotivado trabalhar, não conseguem ajudá-lo a cumprir as metas e ainda afirmam não saber como se firmar como líder dos docentes e exercer sua autoridade perante os colegas.
É claro que todos esses dilemas poderiam ser resolvidos se o coordenador pedagógico tivesse uma boa formação para exercer o cargo: 96% garantem que a graduação foi boa ou excelente e, em média, os entrevistados já frequentaram 6,3 cursos específicos (21% em gestão escolar e 18% em outras áreas do conhecimento). Fica a dúvida: se esse profissional, segundo a própria avaliação, teve ou está tendo orientação para executar bem seu trabalho, por que não consegue focar a sua atuação na principal atribuição? A conclusão da pesquisa é que a falta de identidade profissional, já citada no início, e o fato de ser tão solicitado, por todos, para fazer de tudo na escola o levam a sentir-se importante, mas sem perceber o quanto isso o afasta de ser um bom formador de professores.
Nas leis, muitas tarefasNada menos do que 256 atribuições para o coordenador pedagógico foram encontradas nos regimentos de cinco Secretarias Estaduais. Dessas:
Supervisão insuficiente da rede sobre o trabalho do formador
Outro estudo realizado pela FVC também no ano passado ajuda a entender melhor essa realidade do coordenador. Exclusivamente qualitativo, ele procurou conhecer as práticas formativas das redes públicas de ensino. A pesquisa, denominada A Formação Continuada de Professores no Brasil: Uma Análise das Modalidades e Práticas, obteve respostas de 19 Secretarias de Educação - seis estaduais e 13 municipais - das cinco regiões do país. Em todos os casos, foram feitas entrevistas com o secretário de Educação (ou seu representante), com o coordenador da formação continuada na rede e com o responsável por um projeto em andamento. Concluiu-se que, apesar de todos os esforços para que a formação em serviço ocorra com mais frequência e seja focada na necessidade dos professores em sala de aula, há a carência de programas voltados especificamente para aprimorar a prática do coordenador pedagógico.
"Falta suporte adequado para que ele possa efetivamente exercer o papel de articulador das ações formativas de caráter colaborativo na escola", afirma Cláudia Davis, que, com Marina Muniz Rossa Nunes e Patrícia Cristina Albieri de Almeida, todas da FCC, também supervisionou essa pesquisa. Uma das secretarias que empreendeu esforços - em termos de lei e de infraestrurura - para valorizar a função do coordenador foi a de Governador Valadares, em Minas Gerais (como mostra a reportagem).
Para completar esta edição especial sobre o coordenador pedagógico, encomendamos à educadora uruguaiaDenise Vaillant um artigo, no qual ela discorre sobre a formação continuada de professores na América Latina - que pode ajudar a traçar um panorama do que dá certo e do que deixa a desejar em termos de políticas públicas nessa área.
Esperamos que esse material contribua para a escola discutir internamente como aproveitar melhor a figura do coordenador pedagógico a fim de melhorar a qualidade da prática dos professores. E ainda para que as redes estaduais e municipais, com os dados colhidos na pesquisa, planejem maneiras de atender melhor esse profissional, que cada vez mais se mostra peça-chave na aprendizagem dos alunos.
Outro estudo realizado pela FVC também no ano passado ajuda a entender melhor essa realidade do coordenador. Exclusivamente qualitativo, ele procurou conhecer as práticas formativas das redes públicas de ensino. A pesquisa, denominada A Formação Continuada de Professores no Brasil: Uma Análise das Modalidades e Práticas, obteve respostas de 19 Secretarias de Educação - seis estaduais e 13 municipais - das cinco regiões do país. Em todos os casos, foram feitas entrevistas com o secretário de Educação (ou seu representante), com o coordenador da formação continuada na rede e com o responsável por um projeto em andamento. Concluiu-se que, apesar de todos os esforços para que a formação em serviço ocorra com mais frequência e seja focada na necessidade dos professores em sala de aula, há a carência de programas voltados especificamente para aprimorar a prática do coordenador pedagógico.
"Falta suporte adequado para que ele possa efetivamente exercer o papel de articulador das ações formativas de caráter colaborativo na escola", afirma Cláudia Davis, que, com Marina Muniz Rossa Nunes e Patrícia Cristina Albieri de Almeida, todas da FCC, também supervisionou essa pesquisa. Uma das secretarias que empreendeu esforços - em termos de lei e de infraestrurura - para valorizar a função do coordenador foi a de Governador Valadares, em Minas Gerais (como mostra a reportagem).
Para completar esta edição especial sobre o coordenador pedagógico, encomendamos à educadora uruguaiaDenise Vaillant um artigo, no qual ela discorre sobre a formação continuada de professores na América Latina - que pode ajudar a traçar um panorama do que dá certo e do que deixa a desejar em termos de políticas públicas nessa área.
Esperamos que esse material contribua para a escola discutir internamente como aproveitar melhor a figura do coordenador pedagógico a fim de melhorar a qualidade da prática dos professores. E ainda para que as redes estaduais e municipais, com os dados colhidos na pesquisa, planejem maneiras de atender melhor esse profissional, que cada vez mais se mostra peça-chave na aprendizagem dos alunos.
Metodologia da pesquisa
O estudo O Coordenador Pedagógico e a Formação dos Professores: Intenções, Tensões e Contradições, que contou com o apoio do Itaú BBA, do Instituto Unibanco e da Fundação Itaú Social, foi feito em 2010 e 2011. Na fase quantitativa, os pesquisadores entrevistaram por telefone 400 coordenadores de 13 capitais brasileiras. Já a qualitativa envolveu entrevistas pessoais mais aprofundadas com 20 coordenadores das cinco regiões do país, os diretores das unidades de ensino onde estão locados e 40 professores.Como o coordenador pedagógico pode ajudar na formação de professores especialistas?
DOMINAR O CONTEÚDO DA DISCIPLINA E CONHECER AS MELHORES FORMAS DE ENSINÁ-LO PARA A TURMA SÃO SABERES DIFERENTES. É O QUE AFIRMA NESTE VÍDEO DÉBORA RANA, FORMADORA DO INSTITUTO AVISA LÁ E COORDENADORA DA ESCOLA PROJETO VIDA.
O coordenador pedagógico é o educador responsável pela formação continuada dos professores dentro do ambiente escolar. Mas como lidar com um corpo docente de especialistas em áreas das quais não se tem o domínio? Débora explica no vídeo que é papel do formador articular a didática proposta pela escola e o conteúdo do currículo. "Ajudar o professor a pensar como organizar, propor e encaminhar o conteúdo que ele sabe junto aos alunos. (...) O que sustenta isso é a concepção de ensino e aprendizagem que a escola tem", diz.
A farsa da capacitação
Pesquisas da FVC mostram que os coordenadores que fazem formação na escola ainda são raridade
Preparar reuniões periódicas de formação continuada para os professores da unidade escolar é a principal atribuição do coordenador pedagógico, certo? No papel, é exatamente isso. Na prática, porém... Duas pesquisas encomendadas pela Fundação Victor Civita (FVC) demonstram que, além de muitas escolas ainda não contarem com coordenador pedagógico, ele não recebe capacitação específica para assumir esse papel de formador da equipe docente - e que as políticas públicas implementadas pelas redes de ensino não estão auxiliando as escolas e os professores em suas reais necessidades.
No primeiro estudo, O Coordenador Pedagógico e a Formação de Professores: Intenções, Tensões e Contradições, supervisionado por Cláudia Davis, da Fundação Carlos Chagas (FCC), e coordenado por Vera Maria Nigro de Souza Placco, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), fica claro que existem muitas leis e regulamentações - em nível federal, estadual e municipal - que definem o papel esperado para esses profissionais, com ênfase para a questão da formação continuada dos professores dentro das unidades escolares. Porém as 500 entrevistas realizadas para a pesquisa não deixam dúvida: inúmeras tarefas do cotidiano escolar, que poderiam ser executadas por outros funcionários, como a resolução de conflitos entre alunos e o atendimento aos pais e à comunidade, acabam por dominar a agenda dos coordenadores (veja dados sobre o perfil desses educadores nos gráficos abaixo).
Para a realização do segundo trabalho, A Formação Continuada de Professores no Brasil: Uma Análise das Modalidades e Práticas, coordenado pelas pesquisadoras Cláudia Davis, Marina Muniz Rossa Nunes e Patrícia Cristina Albieri de Almeida, da FCC, foram ouvidos representantes de 19 Secretarias de Educação (seis estaduais e 13 municipais) com o objetivo de identificar quais são os cursos que as redes de ensino oferecem aos coordenadores pedagógicos e aos professores. E a conclusão é que, ainda que seja possível observar um avanço nos modelos de formação continuada, essa prática ainda está aquém do desejado.
"O ideal é que os coordenadores pudessem comandar o trabalho pedagógico na escola, orientar a formação da equipe docente, segundo as demandas da realidade local, e liderar a elaboração do projeto político-pedagógico (PPP)", diz Vera. "Porém sua função se tornou muito abrangente, envolvendo assuntos de caráter disciplinar e questões relativas ao entorno."
No primeiro estudo, O Coordenador Pedagógico e a Formação de Professores: Intenções, Tensões e Contradições, supervisionado por Cláudia Davis, da Fundação Carlos Chagas (FCC), e coordenado por Vera Maria Nigro de Souza Placco, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), fica claro que existem muitas leis e regulamentações - em nível federal, estadual e municipal - que definem o papel esperado para esses profissionais, com ênfase para a questão da formação continuada dos professores dentro das unidades escolares. Porém as 500 entrevistas realizadas para a pesquisa não deixam dúvida: inúmeras tarefas do cotidiano escolar, que poderiam ser executadas por outros funcionários, como a resolução de conflitos entre alunos e o atendimento aos pais e à comunidade, acabam por dominar a agenda dos coordenadores (veja dados sobre o perfil desses educadores nos gráficos abaixo).
Para a realização do segundo trabalho, A Formação Continuada de Professores no Brasil: Uma Análise das Modalidades e Práticas, coordenado pelas pesquisadoras Cláudia Davis, Marina Muniz Rossa Nunes e Patrícia Cristina Albieri de Almeida, da FCC, foram ouvidos representantes de 19 Secretarias de Educação (seis estaduais e 13 municipais) com o objetivo de identificar quais são os cursos que as redes de ensino oferecem aos coordenadores pedagógicos e aos professores. E a conclusão é que, ainda que seja possível observar um avanço nos modelos de formação continuada, essa prática ainda está aquém do desejado.
"O ideal é que os coordenadores pudessem comandar o trabalho pedagógico na escola, orientar a formação da equipe docente, segundo as demandas da realidade local, e liderar a elaboração do projeto político-pedagógico (PPP)", diz Vera. "Porém sua função se tornou muito abrangente, envolvendo assuntos de caráter disciplinar e questões relativas ao entorno."
Cordenação Pedagógica Na Atualidade
O supervisor é visto como um dos membros gestores, na gestão da educação que responde aos ditames da contemporaneidade possui o princípio que,segundo PARO (1986:87) "Se fundamenta em objetivos educacionais representativo dos interesses das amplas camadas da população e leva em conta a especificidade do projeto pedagógico escolar, processo esse determinado pelos mesmos objetivos". Desta forma os objetivos educacionais devem ser formulados dentro do contexto real e dos conhecimentos que derivam das experiências.A acomodação é expressão da desistência da luta pela mudança. São autênticos produtores direitos da educação. Esses fatos colocam a importância do conhecimento diagnóstico do contexto escolar, fundamentação das dimensões pedagógicas e os métodos e técnicas administrativas, mais adequadas à promoção da racionalidade interna e externa.
A elaboração da proposta curricular deve ser contextualizada na discussão para a construção da identidade da escola através de um processo dinâmico de reflexão e elaboração contínua. Trata-se de coordenar o processo de organização das pessoas no interior da escola, buscando a convergência dos interesses dos seus vários segmentos e a superação dos conflitos decorrentes deles.
Decorrente da intensa mobilização dos educadores para buscar
uma educação crítica a serviço das transformações sociais, econômicas e políticas, firma-se no meio educacional a pedagogia libertadora e a pedagogia crítico-social dos conteúdos.Precisamente, é aí que esbarra a dimensão da função do supervisor na educação contemporânea, onde tanto o especialistaquanto os professores ainda estão em reflexão das teorias para coloca-las em prática, e conseqüentemente deverá haver um redimensionamento dessas práticas dentro da construção coletiva do projeto pedagógico da escola.
O supervisor escolar deve, portanto, ser habilitado e capacitado para realizar suas atividades no interior da escola. O autor apresenta, de forma clara, o cotidiano da escola pública, agrupando sua apresentação em tópicos básicos para o estudo do processo de gestão democrática, confirmando a função do trabalho coletivo e especificamente da coordenação por parte da equipe gestora da escola, na qual o supervisor é um dos principais envolvidos.
A proposta educacional de uma escola que promova os fins da educação dentro de seus princípios básicos está totalmente voltada para a inserção social da escola na comunidade e da comunidade para a escola. Assim, a exigência de mudanças de atitudes do professor para o desempenho satisfatório do papel do educador, em função das transformações que se operam na sociedade advém da criação desses cursos, mediante as necessidades do momento. Enfim, terá de ser o instrumento do reconhecimento dos caminhos percorridos e da identificação dos caminhos a serem perseguidos.
Coordenador pedagógico também precisa de formação
Além de aumentar a oferta de formação continuada para os coordenadores pedagógicos, deve-se investir na qualidade dos conteúdos
Características do bom coordenadorSegundo quem está na função, para desempenhar bem seu papel, o que é necessário ter
A pergunta que fica é: afinal, por que falta capacitação se esse é o primeiro pré-requisito citado pelos próprios coordenadores para ter um bom desempenho profissional (veja o gráfico acima)? Ocorre que nem o curso de graduação (em geral, Pedagogia) nem a experiência docente (que a maioria tem) garantem um bom preparo. E, depois da estreia na função, quase não há oferta de formação. Para 64% dos pesquisados, a Secretaria de Educação deveria se responsabilizar por seu aperfeiçoamento, apesar de apenas 38% dizerem que esse cenário é a realidade. "É comum as Secretarias convocarem para as mesmas oficinas oferecidas aos docentes", diz Eliane Gorgueira Bruno, doutora em Psicologia da Educação, da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC).
A formação em serviço não pode se limitar a cursos esporádicos. Ela só fica completa quando há a orientação presencial constante de um supervisor e permite a troca de experiência com os pares. Cybele Amado, coordenadora do Instituto Chapada de Educação e Pesquisa (Icep), responsável pela formação dos gestores escolares de 24 municípios da Chapada Diamantina, na Bahia, defende que o ideal é que, além de firmar parcerias com universidades e organizações não governamentais, as Secretarias de Educação tenham supervisores técnicos e cada um cuide de um grupo de coordenadores. Esse é um modo eficiente de identificar necessidades de conhecimento específicas e combiná-las aos saberes essenciais a todos que estão na função.
Registro e reflexão
Marilda (à esq.) e Leila (à dir.)
"Os profissionais que orientávamos mostravam dificuldade em acompanhar o que os docentes haviam aprendido com a formação na escola e no que ainda precisavam melhorar. Por isso, abordamos os registros das práticas em sala de aula como material para a reflexão. Fizemos um seminário e uma experiência piloto de dois meses em que cada coordenador trabalhou com dois professores."
Marilda Ramos, formadora de coordenadores pedagógicos do Instituto Chapada de Educação e Pesquisa em Wagner, a 388 quilômetros de Salvador
"Eu não tinha noção de quantos registros são gerados no dia a dia antes da formação sobre escritas profissionais. Achava que documentar era só escrever relatórios enormes. Mas os planos de aula dos docentes, a caderneta de chamada e a produção dos alunos também são registros da prática. Vi que analisá-los é um importante instrumento para avaliar o ensino e o aprendizado."
Leila Soares Santana, coordenadora do Ensino Fundamental II na EM Cachoeirinha e na EM São Sebastião de Utinga, em Wagner
Marilda Ramos, formadora de coordenadores pedagógicos do Instituto Chapada de Educação e Pesquisa em Wagner, a 388 quilômetros de Salvador
"Eu não tinha noção de quantos registros são gerados no dia a dia antes da formação sobre escritas profissionais. Achava que documentar era só escrever relatórios enormes. Mas os planos de aula dos docentes, a caderneta de chamada e a produção dos alunos também são registros da prática. Vi que analisá-los é um importante instrumento para avaliar o ensino e o aprendizado."
Leila Soares Santana, coordenadora do Ensino Fundamental II na EM Cachoeirinha e na EM São Sebastião de Utinga, em Wagner
Planejar é preciso
Eduarda (à esq.) e Kátia (à dir.)
"Visitando as escolas, notei que os professores identificavam as dificuldades dos alunos, porém não conseguiam desenvolver planos de aula que os fizessem avançar e os coordenadores não sabiam como ajudá-los. Decidi explorar o planejamento de atividades na formação. Eles precisavam entender a importância de ter rotinas e receber orientação sobre como criar estratégias eficientes."
Eduarda Diniz Mayrink, formadora de coordenadores da Secretaria Municipal de Educação de Rio Piracicaba, a 130 quilômetros de Belo Horizonte
"Depois da formação, iniciei um trabalho para que os professores percebam a importância de seguir rotinas, ou seja, ter um plano e cumprir o programado. Após discutir o tema com o grupo, passei a elaborar junto com os docentes o planejamento das rotinas a seguir em sala de aula. Foi assim por dois anos, até que cada um começou a planejar sozinho."
Kátia Adriana Saltori, coordenadora pedagógica de Educação Infantil e do Ensino Fundamental I de cinco escolas rurais de Rio Piracicaba
Eduarda Diniz Mayrink, formadora de coordenadores da Secretaria Municipal de Educação de Rio Piracicaba, a 130 quilômetros de Belo Horizonte
"Depois da formação, iniciei um trabalho para que os professores percebam a importância de seguir rotinas, ou seja, ter um plano e cumprir o programado. Após discutir o tema com o grupo, passei a elaborar junto com os docentes o planejamento das rotinas a seguir em sala de aula. Foi assim por dois anos, até que cada um começou a planejar sozinho."
Kátia Adriana Saltori, coordenadora pedagógica de Educação Infantil e do Ensino Fundamental I de cinco escolas rurais de Rio Piracicaba
Parâmetros para avaliar
Lílian (à esq.) e Keilly (à dir.)
"Trabalhava diretamente com os docentes da rede e notei que os assessores pedagógicos (nome da função no município) não sabiam orientar os professores de Educação Física. Por isso, preparei uma formação só nessa área. Detalhei o planejamento da disciplina e dei um roteiro para que conseguissem avaliar as aulas e intervir. Agora visito as escolas apenas para acompanhar o trabalho."
Lílian Rolim Correira, assistente pedagógica de Educação Física da Secretaria de Municipal Educação de Cajamar, na Grande São Paulo
"Antes, o professor de Educação Física da escola apresentava seu planejamento semestral e eu só avaliava se estava condizente com os parâmetros da rede. Sem conhecimentos sobre a área, me sentia insegura para examinar o conteúdo e as didáticas. Na formação, aprendi a avaliar os planos de aula. Agora, faço uma boa parceria com o docente da disciplina e sempre sugiro melhorias."
Keilly Molico Feitosa dos Reis, assessora pedagógica de Educação Infantil na EMEB Jailson Silveira Leite, em Cajamar
Lílian Rolim Correira, assistente pedagógica de Educação Física da Secretaria de Municipal Educação de Cajamar, na Grande São Paulo
"Antes, o professor de Educação Física da escola apresentava seu planejamento semestral e eu só avaliava se estava condizente com os parâmetros da rede. Sem conhecimentos sobre a área, me sentia insegura para examinar o conteúdo e as didáticas. Na formação, aprendi a avaliar os planos de aula. Agora, faço uma boa parceria com o docente da disciplina e sempre sugiro melhorias."
Keilly Molico Feitosa dos Reis, assessora pedagógica de Educação Infantil na EMEB Jailson Silveira Leite, em Cajamar
Nenhum comentário:
Postar um comentário